Ernesto de Sousa
Ernesto de Sousa (Lisboa, 1921–1998) foi um dos artistas multidiscipilnares mais ativos do seu tempo.
Na década de 1960, contactou com o movimento Fluxus e as neo-vanguardas europeias, travando amizade com Robert Filliou e Wolf Vostell. Essa influência foi determinante na reformulação da arte como «obra aberta», experimental e participativa, sendo disso exemplos o exercício teatral Nós Não Estamos Algures (1969), o filme expandido Almada, Um Nome de Guerra (1969-1972) e o “mixed-media” Luíz Vaz 73.
Até à década de 1980, organizou cursos, conferências e exposições sobre filme experimental, vídeo-arte, performance e happenings.
Ao propor a celebração do Aniversário da Arte, no Círculo de Artes Plásticas de Coimbra, em 1974, antecipou a Revolução dos Cravos e contrariou a posição periférica de Portugal na Europa. A exposição Alternativa Zero, na Galeria Nacional de Arte Moderna de Lisboa, em 1977, sintetizou o seu projeto de criação de uma vanguarda portuguesa.
A partir da década de 1940, publicou em várias revistas e jornais. O movimento cineclubista, do qual foi fundador, contribuiu para a eclosão do «Novo Cinema» anunciado pela longa-metragem Dom Roberto (1962), distinguida com dois prémios no Festival de Cannes, em 1963.
Foi comissário da representação portuguesa na Bienal de Veneza em 1980, 1982 e 1984.
Foram-lhe dedicadas as exposições retrospetivas Itinerários, organizada em 1987 pela Secretaria de Estado da Cultura, e Revolution My Body, em 1998, na Fundação Calouste Gulbenkian.
Em 1997, a Fundação de Serralves apresentou uma reposição da Alternativa Zero e, em 2012, uma reinterpretação de Almada, Um Nome de Guerra e Nós Não Estamos Algures.
Em 2014, o Centro Internacional de Artes José de Guimarães organizou a exposição Ernesto de Sousa e a Arte Popular – Em torno da exposição Barristas e Imaginários.